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Produzido pela Profª Katiane Cugik


Sambaqui: palavra de origem tupi.

Samba = Amontoado ou monte.
Qui = concha
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1. Os sambaquis que guardam restos de mortos começavam a crescer quando as primeiras covas eram cavadas na areia da praia. Vestígios de oferendas, restos de fogueira e de comida indicam que algum tipo de ritual precedia o sepultamento
2. Em volta das covas, arqueólogos encontraram uma grande quantidade de buracos de estacas. São pistas de que uma estrutura de madeira, hoje já decomposta,demarcava o local onde estava o morto, numa espécie de túmulo.

3. Após algumas décadas, quando as novas gerações de sambaquieiros não tinham mais ligação sentimental com o morto enterrado dezenas de anos antes, conchas e ossos de peixe eram lançados sobre as sepulturas. Essa grossa capa de até 60 centímetros de espessura servia de base para uma nova leva de sepultamentos
4. O sambaqui crescia com a repetição de cerimônias fúnebres por até mil anos. Hoje, algumas montanhas ultrapassam 30 metros de altura, com centenas de camadas de esqueletos e conchas. Num sambaqui no sul de Santa Catarina há mais de 43 mil cadáveres.


São enormes montanhas erguidas em baías, praias ou na foz de grandes rios por povos que habitaram o litoral do Brasil na Pré-História. Eles são formados principalmente por cascas de moluscos - a própria origem tupi da palavra sambaqui significa "amontoado de conchas". Mas essas elevações também contêm ossos de mamíferos, equipamentos primitivos de pesca e até objetos de arte, num verdadeiro arquivo pré-histórico.

Restos de fogueira e de alimentos indicam que a dieta dos sambaquieiros vinha principalmente do mar. Algumas comunidades já cultivavam vegetais, o que trazia um problema inesperado: em cadáveres de sambaquis do Rio de Janeiro, a alta incidência de cáries pode estar relacionada ao consumo excessivo de mandioca.

Espinhos de peixe, esporões de raia, ossos de macaco e de porcos-do-mato eram afiados para virarem arpões e lanças de pesca. A presença de ossos de predadores ferozes, como tubarões,mostra que os homens pré-históricos eram exímios e corajosos pescadores.

A destreza dos sambaquieiros ficou registrada nos zoólitos, esculturas de pedra que representam mais de duas centenas de animais e de figuras geométricas. Em alguns casos, os artesãos caprichavam tanto nas imagens de peixes que é possível até reconhecer a espécie representada.

Decifrar o destino dessas comunidades ainda é um desafio. Provavelmente, elas foram eliminadas ou se misturaram às culturas tupi-guaranis que avançaram do norte e do sul do país rumo ao litoral, por volta do início da era cristã. As incertezas continuam, em grande parte, porque muitos sambaquis foram destruídos ou estão em péssimo estado de conservação.

FIM!